Sarney
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Diabo
Aquele avião decolou de Brasília lotado de políticos na tarde tranquila de quinta-feira. Todos olhavam pra janela e balbuciavam em uníssono: - Droga! Terça tenho que voltar!
Alguns minutos depois, uma turbulência e o capeta surge gritando: - Atenção, meus queridos! Vou estar derrubando a aeronave em 30 segundos. (O gerúndio funciona a pleno no inferno)
Foi um corre-corre danado, discursos inflamados, deputados pedindo questão de ordem, senadores burlando o painel do avião, assessores pedindo perdão.
Mas nada disso comoveu o Diabo. Até que, José Sarney pediu a palavra, levantou-se lentamente, ergueu os braços mais devagar ainda, acenou para que Lucifer se aproximasse e cochichou no seu ouvido (ouvido dele, do Satã).
O "coisa ruim" (nesse caso o que já foi anjo) olhou prum lado, olhou pro outro... pensou e reconsiderou. Abriu a porta de emergência e se mandou de volta para seu lugar.
A deputaiada e a senatoria toda agradecida quase cantou à moda Jorge Ben Jor: "Sarney Maravilha, nós gostamos de você!" Mas, apenas queriam saber o que Sarney dissera ao demo:
— Mas, o que Vossa Excelência disse ao capeta, senador Sarney?
— Eu disse apenas que o Amapá tem governo, mas quem manda lá sou eu. O Maranhão tem governadora, mas quem manda lá sou eu; o Brasil tem presidente, mas quem manda sou eu... O PT tem diretório nacional e é todo metido a besta, mas quem manda no partido sou eu. Aí, tentei fazer um acordo na diplomacia: "Vossa Excelência capeta não se iluda, o avião cai, eu morro e não tem outro jeito, vou direto para o inferno! Estás a fim de compor a Mesa Diretora agora ou prefere esperar eu chegar?"