Sobre político lacaio
e imprensa

Tem um poema famoso do alemão Bertolt Brecht que se refere ao “analfabeto político” - aquele que estufa o peito e se orgulha de dizer que odeia política, mas não sabe ser ele o culpado por existir o pior de todos os bandidos que é o político corrupto, vigarista e lacaio.
Pois bem, quase nada mudou dos anos 30, quando o poema foi escrito, para os dias de hoje. E não é preciso ir à Alemanha, Rússia ou Brasília...
O vigarista e lacaio continua por aí e por aqui, mais próximo do que a gente imagina, mais ao nosso lado que pode detectar nosso vão conhecimento da vida cotidiana.
Mas, não é impossível percebê-lo. Pois tem duas caras, uma que se manifesta na multidão de eleitores, fingindo gentileza, e outra no recôntido das ações canhestras e espúrias dos gabinetes, onde bate à mesa e chuta palavras stalinistas aos quatro ventos.
Ah, o político vigarista e lacaio, abomináveL no Legislativo e no Executivo. Na Câmara de Vereadores e na Prefeitura.
E ele - que não aguenta críticas, mas não se manifesta no contraponto frontal, pois é sempre traiçoeiro, canhestro e baixo - é um lacaio.
Então, sua obsessão passa a ser calar os críticos, assassinando a liberdade de expressão, a imprensa livre, o pensamento criativo, que move desenvolvimentos verdadeiros e sustentáveis como uma barreira a políticos como eles.
O vigarista e lacaio da política se infiltra na imprensa para poder calar quem pensa por si e fazê-lo pensar o seu pensamento vil.
Ainda por cima, depois de todas suas falcatruas ditatoriais, veremos esse vigarista maldizer os “governos de excessão do período militar”, vilipendiando-os como os criadores do pior momento da política brasileira. Mas, eles, são miniaturas de tais ditadores que acusam de “maiores maus”. E assim permanece, criticando e agindo como se fosse o arautos da democracia, da livre manifestação, da liberdade constitucional, sem aceitar que olhem seus defeitos, suas ações imperiais, suas mentiras, sua fábrica de monstros! Sim, pois um povo forçado a pensar o pensamento único, não passará de um monstro enjaulado, perdido, sem eira nem beira... sem iniciativa.
Ah, o político vigarista e lacaio! Seu estadismo não passa da esquina de sua casa. Faz favores pueris, envaidece-se com os elogios de sua sala ou de sua caverna, onde estão os outros lacaios de sua predileção.
Ah, o político varejo!
Tomara não fosse necessário escrever tal protesto com o objetivo de alertar a sociedade; tomara não fosse necessário avisar o leitor que este político existe, vive em Bagé e ronda pelas ruas como um zumbi risonho à espreita de teu voto, com o que se alimenta para ser mais canestro ainda, mais vigarista e lacaio!
Imprensa de minha terra, digam a verdade, vivam da verdade e sustentem a verdade - não a verdade inventada, mas a verdade verdadeira, pois esta pode viabilizar o desenvolvimento humano de uma cidade.
É preciso parar o modelo que se instala em Bagé, onde só o “boletim oficial” vale e interessa, onde a mentira descarada sobrepõe-se a verdade, onde o dinheiro cala a imprensa.
Uma cidade com a imprensa amordaçada está fadada ao desenvolvimento fútil, oco, lacaio!
Gladimir Aguzzi (publicado pela primeira vez no jornal FOLHA DO SUL/Bagé - Maio/2012)