A REUNIÃO DO PT, DOMINGO.
ALGUNS PONTOS ABORDADOS
E O SEGREDO REPUBLICANO
A direção do Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul esteve em
Bagé no domingo, 28, para uma reunião
com os partidários do Executivo
e da Câmara. Participaram o prefeito,
os secretários municipais, os vereadores
e alguns penetras necessários.
Na pauta, o problema do PT de
Bagé, que trava briga cerrada, tendo
de um lado o grupo do prefeito Dudu
e de outro vereadores da sigla, como
Jussara Carpes, Edegar Franco,
Adriana Lara, Téia Pereira, que agora
é suplente, e Silvio Machado. Este último
está mais para a neutralidade no
momento. O peso mais pesado nessa
briga não estava e foi ouvido pela direção
executiva estadual, em Porto
Alegre na semana passada, Luiz
Fernando Mainardi.
O combate travado domingo na
sede do Partido dos Trabalhadores se
arrastou das 14h até a entrada da noite.
Depois de muita discussão, chega-
se à conclusão que o pessoal do
prefeito não abre mão de “torrar” os
críticos do governo na Comissão de
Ética do partido. Ou melhor, segundo
disse uma das figuras históricas
do PT, em alto e bom som, em plena
reunião, se os vereadores que assinaram
a CPI dos Shows dos 200
Anos retirarem as assinaturas não
haverá comissão de ética.
Houve quem saltasse da cadeira.
“A direção pode até querer isso, como
quer, mas não é coisa que se diga. Eis
uma proposta indecente”, comentou
outro petista. Também foi lembrado
que com a CPI da Fazenda o prefeito
não teve objeções, mas agora tem e
até demais.
Marcada pela intolerância, talvez de
ambas as partes, a verdade é que na
reunião interminável não houve acordo,
e nem haverá. “O governo não quer
ouvir críticas, o governo não quer ser
fiscalizado, o governo é autoritário”,
reclamaram alguns vereadores presentes
no encontro. Aliás, depois do embate
de domingo, os parlamentares se
limitaram a falar pouco, emitindo apenas
opiniões do tipo: - A reunião foi
cansativa e não trouxe nada de novo,
exceto mais discussões.
A ordem da direção petista é não
tornar público o debate.
A população não pode saber, por
exemplo, que o prefeito e seus secretários
foram acusados de “faltar com
a verdade” pela vereadora Jussara
Carpes. Na verdade, ela foi mais direta,
utilizando-se da palavra mentiroso.
Ela não quer falar sobre o assunto.
Pílulas Políticas questionou a
vereadora, mas ela disse que foi feito
um acordo para não levar a reunião à
imprensa.
Outro ponto de discussão que teve
a ver com Jussara Carpes foi enfatizado
no seu pronunciamento, nesta segunda,
na tribuna da Câmara, quando se
referiu ao restauro do prédio público
histórico da Hidráulica. A vereadora
destacou que a inclusão no edital e o
programa para o restauro foi um estu
do dos funcionários de quadro do
DAEB, tudo dentro da legalidade e os
documentos estão ao dispor. Mas, afinal,
por que ela disse tudo isso? Simples.
Porque na reunião do PT, houve
quem insinuasse superfaturamento,
tentando uma ameaça. A vereadora
não engoliu a tentativa de intimidá-la.
Trocando em miúdos, o prefeito não
quer saber dos vereadores do seu partido
criticando o governo do jeito que
estão criticando. Os vereadores que
criticam não identificam o prefeito
como alguém que mereça confiança.
O prefeito não está errado ao recusar
inimigos na trincheira, o problema
é a forma como trata disso.
A ex-vereadora Téia Pereira lembra,
por exemplo, que a inclusão de
Paulinho Parera na Comissão de Ética
do partido dormita em algum lugar da
bonita casa da Tupy Silveira, sede do
PT. O pedido foi feito quando ele chamou
os vereadores de “cambada de
sem vergonha”. No entanto, Téia estranha
tanto denodo e afinco para impedir
a CPI que vai começar e o empenho
para fazer valer a comissão de ética
agora, contra os vereadores.
Alguns petistas apostam que na
comissão de ética, os vereadores serão
fritados e expulsos. Não é isso que
a direção estadual quer, mas esta descobriu
que não haverá acordo em Bagé.
Vão tentar uma trégua e colocar panos
quentes nessa briga que terá o
fim do primeiro round após as eleições
de 2012. Com ou sem Dudu no poder.