O massacre que
veio da tribuna
Nesta quinta-feira pela manhã, o vereador Gustavo Morais, PMDB,
recebeu ataque de todos os lados na Sessão Representativa da Câmara.
Em período de recesso, acontecem sessões representativas às quintas-feiras, formada por uma comissão de três vereadores com poderes limitados.
Porém, ontem foi diferente. Dos onze vereadores do Legislativo bageense, oito compareceram: Silvio Machado, Jussara Carpes, Divaldo Lara, Téia Pereira, Edgar Franco, Adriana Lara, Cláudia Souza e Gustavo.
Alguns estranharam a presença expressiva e deduziram que era o fenômeno “big brother”. Ou seja, a transmissão ao vivo pela TV Câmara. Parece que não. O motivo era concreto, com nome, CPF e votos: Luis Gustavo Moreira de Morais, do PMDB.
Quando Adriana Lara (foto) foi à Tribuna da Câmara dirigiu sua palavra a ele, Gustavo.
“O senhor consegue brigar com todo mundo, inclusive todos os seus pares”, começou o pronunciamento. Adriana se referia ao que disse o parlamentar na semana passada quando declarou que não era autor de denúncia à Promotoria sobre diárias da vereadora. Ela entendeu como algo malicioso por parte de Gustavo e citou que agora a Câmara tem o Portal Transparência, onde a população pode saber das viagens. E não parou por aí. Adriana Lara disse que a “casa” é para o debate e Gustavo extrapola. “Sou de paz, mas sei me defender. Não me tome por mulher frágil.”
Em seguida foi a vez de Jussara Carpes (foto ao lado) atacar o vereador, que pouco antes havia citado a morte do irmão de Luiz Fernando Mainardi, chamado Ilimar. “É quem o ex-prefeito disse não conhecer nas emissoras de rádio”, lembrou Gustavo. Ilimar é confirmado “irmão” em nota da assessoria de Mainardi.
O vereador do PMDB denunciou que Ilimar teria dado R$ 300 mil à empresa Stadtbus, a mesma que faz o transporte coletivo em Bagé. E arrematou: “O maior ato de corrupção que esta cidade já presenciou é o processo de licitação do transporte coletivo.”
Jussara defendeu Mainardi, repudiou as palavras de Gustavo e transmitiu os pêsames à família do falecido, não sem antes ter reafirmado que a Câmara, “não se reúne de portas fechadas”, como Gustavo acusou, e deixou uma frase no ar: “Acho que o senhor está se reunindo com petistas fora daqui.” Ao final, Jussara avisou: “O senhor já agrediu as vereadoras Teia e Carminha (Vargas) na CPI, a mim o senhor não vai agredir.”
Quando chegou a vez de Divaldo Lara ir à tribuna (foto), imaginava-se que os ataques, já deferidos por Téia Pereira e Edgar Franco, além dos citados, teriam acabado. Que nada! Divaldo mostrou uma papelada e anunciou que ali estava a “folha corrida de Gustavo Morais, buscada no Forum”. E lembrou que o parlamentar do PMDB gosta de dar telefonemas com ameaças e diz-que-diz e que com ele, Divaldo, era diferente. Também citou a insinuação do vereador na Rádio Cultura sobre o projeto do concurso para a Saúde, entre outros, em que tentava apontar culpados pela não garantia dos empregos entre os colegas de Câmara. Divaldo acusou Gustavo de ter trancado o projeto dos agentes de saúde que tramitava há 40 dias. “Ele pediu vistas e não leu”, afirmou.
Sem a mínima disposição de cessar sua fala, o vereador do PTB tomou as dores da irmã Adriana, declarou a união da família, “que não tem as mãos sujas”. Em resumo, alertou: Mexeu com um, mexeu com todos.
Foi uma sessão com palavras fortes e contundentes, bem mais que as citadas aqui e o espaço permite. Quem quiser ver na íntegra tem oportunidade no canal 16 da NET (repete às 18h de hoje e no final de semana).
Gustavo: “Não fico calado”
O vereador Gustavo Morais não pode se defender porque já havia falado quando começaram os ataques. Disse ao colunista que não é de ficar calado, vai se defender. Também declarou que não fez denúncia contra Adriana Lara. Não sou de acusar todo mundo. Minhas acusações todos conhecem. Quanto a processos, são referentes à Prefeitura, ao ex-prefeito Mainardi e algumas questões trabalhistas que considera normal.