Para quem chegou até este blog por acaso ou engano:
Aqui se escreve sobre a política e o modo de viver de uma cidade chamada Bagé, localizada no Sul do Rio Grande do Sul, um Estado da República do Brasil, no continente Americano do Sul. Aqui também se ironiza e se cultiva o bom humor, mas principalmente, lembra-se às autoridades que não se legisla ou governa de qualquer jeito, sem responsabilidade ou sem o olhar envolvente de quem está atento às coisas do mundo.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

DR. FRANKSTEIN
No início da semana passada, o PT Amplo e Democrático, corrente do Partido dos Trabalhadores, se reuniu para “unidos vencerem” as eleições prévias de 2012, quando será decidido o nome do candidato a prefeito de Bagé do próximo ano. Às vezes, o PT tem o hábito de realizar prévias. 
Em torno de 150 pessoas compareceram na reunião do “Amplo”. O maior líder da facção é Luiz Fernando Mainardi, depois dele vem Edegar Franco, Téia Pereira e Paulinho Parera. A fila de cardeais é maior.
A estratégia definida na reunião é: conseguir novos adeptos, de preferência quem pendia para o lado do prefeito Dudu Colombo e quem ainda não é filiado. 
Enquanto as “tropas” de um lado se organizam para o ataque, no QG principal, Luis Eduardo Dudu Colombo perde um forte aliado, que não sai sozinho do pelotão Democracia Socialista, a corrente do prefeito. Trata-se de Omar Ghani, vereador eleito pelas mãos do chefe. O coronel Dudu bate na mesa, esbraveja e não quer entender como Omar foi fazer isso com ele. Mas, fez. E, segundo dizem, só o próprio coronel sabe porquê.
No lado dos rebeldes metidos a legalistas, Mainardi ordena que seus soldados tragam mais e mais aliados para o pelotão Amplo, “estejam aonde estiverem”. Só  uma grande massa terá força para derrubar Dudu. Afinal, é sempre bom lembrar que Mainardi já perdeu uma grande batalha para o mesmo Dudu Colombo, que com isso ganhou o direito de ser prefeito.
E se de um lado o alvoroço tomou conta dos soldados acampados na Prefeitura ao ponto do chefe tirar férias para rearmar sua estratégia, de outro a filiação continua como nunca antes na história do Partido dos Trabalhadores. A meta é mil filiações, mas o número pode ultrapassar. E isso assusta.
Tanto assusta, que do quartel general saiu a informação que Mainardi está “alistando qualquer um, formando um exército de tranqueiras”. A crítica partiu de três velhos militantes, daqueles do tempo em que o maior orgulho era cantar Pra Não Dizer que Não Falei das Flores, de Geraldo Vandré, e de preferência no Bar Alternativo, do castilhano Washington, coisa dos idos da fundação do PT de Bagé.  
Assim, Mainardi se tornou, na crítica dos adversários internos, o Dr. Frankstein, o criador de monstro, referência ao seu histórico na vida pública e às últimas filiações partidárias.
Frankstein é o romance mais famoso da inglesa Mary Shelley, escrito nos tempos do início de São Sebastião de Bagé, lá por 1815. Na história, o monstro criado pelo doutor Victor Frankstein acaba matando seu criador.
Revisando a história política de Mainardi, não dá para fugir da razão de seus desafetos de agora. Ao assumir a prefeitura em 2001, ele começou a sua criação de “monstros”, depois ao romper a coligação com o PDT em 2003 lotou uma gaiola imensa e no percurso de seu segundo mandato no Executivo Municipal, em busca de aliados, aumentou seu criatório, chegando a fundar um partido, que não é o PT, sem contar a distribuição de aliados adesistas para as siglas da base, notabilizando alguns aprendizes de monstro.Para quem ainda não entendeu o que significa ser um Frankstein: é aquele que dá vida ao imponderável.
Assim, é preciso se preparar, porque a alegação dos adversários no diretório petista é que aceitar tantas filiações é proibido pelo estatuto partidário e, por outro lado, o melhor é “matar os monstros, antes que os monstros matem seu criador”.