No início da semana passada, o PT Amplo e Democrático, corrente do Partido dos Trabalhadores, se reuniu para “unidos vencerem” as eleições prévias de 2012, quando será decidido o nome do candidato a prefeito de Bagé do próximo ano. Às vezes, o PT tem o hábito de realizar prévias.
Em torno de 150 pessoas compareceram na reunião do “Amplo”. O maior líder da facção é Luiz Fernando Mainardi, depois dele vem Edegar Franco, Téia Pereira e Paulinho Parera. A fila de cardeais é maior.
A estratégia definida na reunião é: conseguir novos adeptos, de preferência quem pendia para o lado do prefeito Dudu Colombo e quem ainda não é filiado.
Enquanto as “tropas” de um lado se organizam para o ataque, no QG principal, Luis Eduardo Dudu Colombo perde um forte aliado, que não sai sozinho do pelotão Democracia Socialista, a corrente do prefeito. Trata-se de Omar Ghani, vereador eleito pelas mãos do chefe. O coronel Dudu bate na mesa, esbraveja e não quer entender como Omar foi fazer isso com ele. Mas, fez. E, segundo dizem, só o próprio coronel sabe porquê.
No lado dos rebeldes metidos a legalistas, Mainardi ordena que seus soldados tragam mais e mais aliados para o pelotão Amplo, “estejam aonde estiverem”. Só uma grande massa terá força para derrubar Dudu. Afinal, é sempre bom lembrar que Mainardi já perdeu uma grande batalha para o mesmo Dudu Colombo, que com isso ganhou o direito de ser prefeito.
E se de um lado o alvoroço tomou conta dos soldados acampados na Prefeitura ao ponto do chefe tirar férias para rearmar sua estratégia, de outro a filiação continua como nunca antes na história do Partido dos Trabalhadores. A meta é mil filiações, mas o número pode ultrapassar. E isso assusta.
Tanto assusta, que do quartel general saiu a informação que Mainardi está “alistando qualquer um, formando um exército de tranqueiras”. A crítica partiu de três velhos militantes, daqueles do tempo em que o maior orgulho era cantar Pra Não Dizer que Não Falei das Flores, de Geraldo Vandré, e de preferência no Bar Alternativo, do castilhano Washington, coisa dos idos da fundação do PT de Bagé.
Assim, Mainardi se tornou, na crítica dos adversários internos, o Dr. Frankstein, o criador de monstro, referência ao seu histórico na vida pública e às últimas filiações partidárias.
Frankstein é o romance mais famoso da inglesa Mary Shelley, escrito nos tempos do início de São Sebastião de Bagé, lá por 1815. Na história, o monstro criado pelo doutor Victor Frankstein acaba matando seu criador.
Revisando a história política de Mainardi, não dá para fugir da razão de seus desafetos de agora. Ao assumir a prefeitura em 2001, ele começou a sua criação de “monstros”, depois ao romper a coligação com o PDT em 2003 lotou uma gaiola imensa e no percurso de seu segundo mandato no Executivo Municipal, em busca de aliados, aumentou seu criatório, chegando a fundar um partido, que não é o PT, sem contar a distribuição de aliados adesistas para as siglas da base, notabilizando alguns aprendizes de monstro.Para quem ainda não entendeu o que significa ser um Frankstein: é aquele que dá vida ao imponderável.
Assim, é preciso se preparar, porque a alegação dos adversários no diretório petista é que aceitar tantas filiações é proibido pelo estatuto partidário e, por outro lado, o melhor é “matar os monstros, antes que os monstros matem seu criador”.