Para quem chegou até este blog por acaso ou engano:
Aqui se escreve sobre a política e o modo de viver de uma cidade chamada Bagé, localizada no Sul do Rio Grande do Sul, um Estado da República do Brasil, no continente Americano do Sul. Aqui também se ironiza e se cultiva o bom humor, mas principalmente, lembra-se às autoridades que não se legisla ou governa de qualquer jeito, sem responsabilidade ou sem o olhar envolvente de quem está atento às coisas do mundo.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Querem acabar com a democracia  interna no PT
por Flavius Dajulia 
(ex-presidente do PT de Bagé)  
     No último domingo, em reunião ampliada do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores, foi defendida uma tese que atenta contra um dos princípios mais caros de nosso partido, a democracia interna. Pessoas ligadas ao atual Governo Municipal tentaram, sob os mais variados e injustificados argumentos, defender uma tese de que em Bagé os petistas deveriam garantir, de antemão, e sem nenhuma discussão, a candidatura do atual prefeito à reeleição.
     Portanto, uma proposta autoritária e burocrática – para não dizer outras coisas - que não dialoga com a realidade. Ora, isso só seria possível se houvesse consenso partidário e não se chega a este estágio com uma decisão de diretório. Consenso se constrói com diálogo permanente e com a legitimidade de quem realiza, no caso, uma administração majoritariamente inquestionável. Foi assim, por exemplo, no caso das reeleições do presidente Lula e do prefeito Mainardi. Não houve prévia, por que inexistia – ou, se existia, era insignificante – oposição ao primeiro mandato.
     Mas, quando da reeleição do projeto petista protagonizado pelo nosso querido Olívio Dutra, houve prévia, em que Tarso Genro apresentou sua candidatura, obtendo o apoio do partido para concorrer ao governo do Estado. E, naquela ocasião, o derrotado não foi Olívio, mas sim o modelo excludente implementado pelo seu governo, seguindo as orientações da corrente Democracia Socialista que hegemonizou a primeira experiência petista no Governo do Estado.
     Voltando a Bagé, o que vemos aqui é um processo semelhante ao que levou às prévias na sucessão de Olívio. O governo da majoritariamente dominado pela DS, apoiado por grupos minoritários, não promove o diálogo interno. Exclui da composição de governo setores importantes, como a corrente Esquerda Democrática, da vereadora Adriana Lara, a mais votada nas eleições de 2008.
     Criou-se um clima que não condiz com as tradições petistas, que não respeita as diferenças, não convive com as diversidades internas e busca, com base na força da caneta, construir maiorias. O resultado concreto de todos estes erros políticos é palpável por qualquer um. Dos oito vereadores ligados a então base governista, hoje o Governo Municipal pode contar com dois ou três. Todos nós sabemos que, no regime em que vivemos, um governo sem sustentação no legislativo está fadado ao fracasso. Recordemos o caso Collor de Mello.
     Resta-nos, se possível fosse enviar um conselho, dizer que apesar de difícil, uma repactuação interna não é impossível. Basta que o prefeito Dudu, e seus assessores, dêem um novo norte às suas relações políticas com o partido e seus aliados. Caso contrário, resta-nos torcer e tentar evitar que o pior aconteça e que este governo consiga chegar ao fim. E que, nas prévias, nós, os petistas, saibamos escolher um nome que, vencendo as eleições, possa retomar o projeto de governo implementado por Mainardi.