e pensamento único
Duas das mais destacadas personalidades politicas da Região, Afonso Hamm e Luis Augusto Lara, estiveram presentes em Bagé no final de semana para eventos políticos e de governo. Os dois apresentaram o mesmo discurso: a política de resultados.
Eis o grande argumento filosófico da nova política: resultado prático, pragmatismo.
obra de Danúbio Gonçalves |
Mais uma vez, esta página enaltece a razão de seus discursos, porém, em parte. Em parte.
Se os pensadores e formadores de opinião da cidade e da região não se aterem ao que está sendo dito e feito, o perigo de forjar uma geração inteira de “vaquinhas de presépio” é eminente. Isso porque já está incrustado no coletivo comunitário que o embate político é “baixaria ou atraso”, quando não é. A discussão, o debate, a dialética são vitais para o desenvolvimento social e intelectual de uma cidade, estado e país. A investigação racional dessa nova onda pragmática é necessária.
A ação benéfica é benvinda. Concordar com tudo, sem espaço para o contraditório, é maléfico.
Algumas comunidades aceitam a casa pintada, a cerca arrumada e a geladeira cheia como o ideal de vida. Outras querem mais que isso, querem a filosofia, o conhecimento, a capacidade de discernimento.
Eis uma discussão que não entrou no Plano de Desenvolvimento Econômico e Social de Bagé, apesar da vertente marxista da secretária municipal Magda Flores, a coordenadora do plano.
Se a “nova ordem política” é pregar o resultado, sem o debate, é preciso abrir os olhos para o que pode resultar disso. Se o caminho continuar sendo esse, teremos sindicatos de trabalhadores e associações de moradores cabisbaixos - e já o temos; teremos parlamentares envergonhados de propor debate, porque a “ordem” é não entrar no contraditório; teremos um povo “concordino”, acreditando, inclusive, que política, religião e futebol não se discute, quando é, exatamente, o contrário. Discute-se, sim, e muito.
Vale, ainda, destacar que discutir não é o debate vazio, o popular “bate boca” vazio, é mais, bem mais.
Portanto, cuidado. Essa história de política de resultados é uma via de duas mãos, e quem não concordar pode ser colocado à margem. As grandes nações aprenderam a respeitar seus cidadãos porque eles foram protagonistas de seus destinos, através do debate, das idéias próprias, da capacidade de discernimento, - coisas que só são possíveis praticando.
Bagé não é uma cidade sem desenvolvimento. Pelo contrário, a história conta isso, aqui viveram pessoas de vanguarda, de ousadias, de discurso afiado, ideias, ideais e resultados práticos, como Gaspar Silveira Martins, Emílio Guilain, Antônio Ribeiro de Magalhães, José Octávio, Fanfa Ribas, entre tantos e tantos outros.
Não é possível levar em consideração, simples e vago, o hiato de duas décadas, quando os investimentos se foram, nos anos 80 e 90.
De agora para o futuro, se não vingar o discurso único, não há como retroceder, Bagé desenvolverá, em todos os sentidos.