Para quem chegou até este blog por acaso ou engano:
Aqui se escreve sobre a política e o modo de viver de uma cidade chamada Bagé, localizada no Sul do Rio Grande do Sul, um Estado da República do Brasil, no continente Americano do Sul. Aqui também se ironiza e se cultiva o bom humor, mas principalmente, lembra-se às autoridades que não se legisla ou governa de qualquer jeito, sem responsabilidade ou sem o olhar envolvente de quem está atento às coisas do mundo.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011


É GUERRA!!!
A Mesa Diretora da Câmara de Vereadores e, por consequência, a Procuradoria Jurídica da casa, recebeu o despacho em consulta de 10 grau do Poder Judiciário do RS, através do juiz de Direito Roberto Coutinho Borba, no dia 9 de novembro de 2011, segundo informou o vereador Silvio Machado. O despacho concede liminar para o Mandado de Segurança impetrado pelos vereadores Gustavo Morais, do PMDB, Omar Ghani, Paulinho Parera e Ruben Salazar, do PT, determinando o imediato afastamento do presidente da Câmara, Silvio Machado.
Na manhã de quinta, 10, muito cedo, Jussara Carpes chegou no Legislativo como presidente, reuniu-se com o procurador Eduardo Deibler, e decidiu convocar eleição, na sessão que se iniciava às 10h15min, para escolher o novo presidente da Câmara. Vale ressaltar aqui que a eleição deveria ser só para presidente, único cargo vago, e não para vice e secretário, que estão preenchidos por Jussara e Divaldo Lara, respectivamente.
No entanto, a estratégia de realizar a eleição ontem mesmo surpreendeu os vereadores do PT, PMDB e do PP. Gustavo Morais parecia ser o mais surpreso e bradou que queria o cumprimento do Regimento Interno do Legislativo. Segundo ele, a lei diz que a presidente em exercício deve convocar eleição para a sessão subsequente. Ou seja, não poderia ser na manhã de quinta. Sendo assim, após uma reunião entre os vereadores, de 20 minutos, sem acordo, Gustavo Morais, Paulinho Parera, Sonia Leite e Omar Ghani resolveram abandonar a sessão com a finalidade de não dar quorum para a votação pretendida. E tiveram êxito. Porém, não evitaram os protestos da tribuna de Jussara, PSD, Adriana Lara e Divaldo, PTB, além de Téia Pereira, a única petista que não acompanhou o grupo de seu partido. Téia chegou a afirmar que votaria em Jussara para presidente.
Segundo a vereadora no comando da sessão, não há no regimento artigo que sustente a tese de Gustavo Morais e defendeu obedecer a determinação judicial, convocando a eleição na sessão subsequente à ciência da Liminar. “Ou seja, hoje”, argumentou Jussara.
Momentos antes da fala da vereadora, Gustavo batera o pé dizendo que a convocação deveria chamar a escolha para a sessão seguinte. “É isso que diz o regimento”, argumentou.
Sem acordo e sem quórum para o voto, a sessão continuou com as manifestações de tribuna. E Jussara aproveitou para cobrar coerência de Sonia Leite, ironizando: “Não adianta dizer que se arrepia só de ouvir falar no PT, que tem horror do PT, mas aqui está junto com o PT, saindo da sessão junto com o PT.” Em seguida, ela assinalou que o vereador Paulinho Parera falou na frente da Câmara que “havia negociata nesta casa” e “parece que há mesmo ao observar o movimento dos vereadores que abandonaram a sessão”.
Adriana Lara, Téia Pereira e Divaldo foram pelo mesmo caminho, criticando quem se retirou e elogiando a atitude de Jussara Carpes. “Eles queriam tirar a direção da Câmara para ter nova eleição, pois vamos para a eleição”, chamou a presidente, já sem quorum.
No entanto, a previsão de uma nova eleição para a próxima quinta-feira, dia 16 (segunda é feriado na Câmara), poderá ficar na previsão. Segundo Silvio Machado, a Justiça até o momento só conheceu os argumentos de uma das partes. “Agora já tem a nossa defesa e acredito que será revertida a situação”, declarou otimista. Porém, Silvio demonstrou tristeza com os procedimentos de Gustavo Morais. “Fiquei do lado dele na CPI e por meu voto ele não foi cassado por uma Comissão Processante em janeiro de 2010”, lembrou o presidente afastado.
Sobre o assunto, o vereador do PMDB já se manifestou dizendo que não se trata de algo pessoal, mas defende o cumprimento da lei. Para Gustavo, a Liminar ilustra bem o que ele vem dizendo desde o início de setembro, que no momento em que Silvio Machado deixou o PT não poderia mais ser presidente da Câmara. “Ele deveria ter se afastado e evitaria tudo isso”, declarou o peemedebista.

 OPINIÃO
Depois do relato dos fatos, esta coluna se reserva ao direito de uma análise, quase objetiva, devido aos comentários ouvidos durante a sesão da manhã de ontem.
O alvo é Jussara Carpes.
A presidência de Silvio Machado termina em pouco mais de um mês. O recesso da Câmara começa em 23 de dezembro.
O governo de Dudu não admite Jussara na presidência do Legislativo a partir de janeiro, ano de eleição.
E a tentativa de alcançar o objetivo é tão fremente e nervosa, que, ontem, os vereadores citados, que se retiraram do plenário, não sabiam que a eleição era apenas para a presidência. Só o cargo de Silvio Machado ficaria vago. Acordos estavam sendo feitos para presidente, vice e secretário.    .
Não é a razão de um ou outro lado que aqui se defende, mas a forma como está sendo conduzido o trabalho legislativo. O prefeito não quer Jussara no comando da Câmara. Não importa que a atual mesa diretora tenha sido eleita para conduzir os trabalhos até dezembro de 2012. A batalha política permite buscar, pela via política, inverter o poder, mas não perdendo a ternura, correndo para o irracional, buscando o poder pelo poder.
A velha frase política corrige todos os argumentos travestidos de novos: aos amigos, as benesses da lei; aos inimigos, os rigores da lei.
O problema disso tudo, é que o caminho pode ser tortuoso, com  consequências terríveis.
Assim como Gustavo Morais quer Silvio Machado fora do comando da Câmara antes de janeiro, para ter nova eleição, e interceder na presidência, ao ponto de esquecer a incompetência das obras do DAEB, que tanto alardeou; Jussara Carpes não bradaria por eleição na manhã de ontem se  Salazar e Cláudia Souza estivessem em Bagé, pois perderia. É uma guerra declarada. E tem arma nova por aí, muito quente.