Para quem chegou até este blog por acaso ou engano:
Aqui se escreve sobre a política e o modo de viver de uma cidade chamada Bagé, localizada no Sul do Rio Grande do Sul, um Estado da República do Brasil, no continente Americano do Sul. Aqui também se ironiza e se cultiva o bom humor, mas principalmente, lembra-se às autoridades que não se legisla ou governa de qualquer jeito, sem responsabilidade ou sem o olhar envolvente de quem está atento às coisas do mundo.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011


CENÁRIO - Gabinete de uma Prefeitura, móveis e utensílios característicos de uma prefeitura. Chama a atenção a quantidade de papéis colados em todos os cantos, onde está escrito: Não esquecer os 200 anos! A história acontece na pacata cidade de Bagué.
CENA - O prefeito Dududadá entra rápido no seu gabinete e grita:
DUDUDADÁ - Pabro! Pabro!
Ouvem-se os passos de Pabro He-Man subindo as escadas. Ele abre a porta. 
PABRO - Chamou, prefeito Dududadá? 
DUDUDADÁ - Um eleitor me contou que os 200 anos de Bagué está terminando sem nenhuma comemoração original. Tudo é um remendo, tudo é um anexo do que já existe. Descida do Camaquã dos 200 anos, Carnaval dos 200 Anos, Procissão dos 200 Anos, Páscoa dos 200 Anos, Seca dos 200 Anos... Isso é uma humilhação de 200 anos.
PABRO (gagueja) - Ma-mas... pra-prefe-feito... 
A gagueira é uma maravilha para dar tempo ao pensamento. Até que Pabro se ilumina:
PABRO - Nossa, prefeito! O que o senhor fez com a sua careca hoje? Como ela está linda. Tão iluminada. E esses olhos levemente asiático-tibetano... E a camisa... A camisa, que modelo, que cor... Ótima camisa para dar um passeio pelas vilas e abraçar o povo. Este, sim, é que interessa e eles estão adorando o seu governo dos 200 anos!
Maravilhado com todas aquelas palavras, os governantes sempre ficam maravilhados com as palavras à sua volta, Dududadá se emociona.
DUDUDADÁ - Quer dizer que eu estou bem? Bem, mesmo? 
PABRO - Espetacular! É o melhor de todos em todos os tempos! Nunca houve antes na história dessa cidade em 200 anos, um prefeito tão, tão, tão iluminado (E ALISA A CARECA DO PREFEITO) Vamos abraçar o povo. Ele adora o prefeito.
DUDUDADÁ - Vamos. Vamos, sim, Pabro. Abraçar o povo me acalma. Mas, e os 200 anos?
PABRO - Ora, ora, ora 200 anos! 200 anos... passam tão rápido que não são nada perto de suas belas e eternas façanhas!
DUDUDADÁ - É verdade, não são nada, nada, nada. 
E os dois saem felizes para abraçar o povo e esquecem de fechar a porta do gabinete dos 200 anos.  
FIM melancólico