Para quem chegou até este blog por acaso ou engano:
Aqui se escreve sobre a política e o modo de viver de uma cidade chamada Bagé, localizada no Sul do Rio Grande do Sul, um Estado da República do Brasil, no continente Americano do Sul. Aqui também se ironiza e se cultiva o bom humor, mas principalmente, lembra-se às autoridades que não se legisla ou governa de qualquer jeito, sem responsabilidade ou sem o olhar envolvente de quem está atento às coisas do mundo.

sexta-feira, 11 de março de 2011

A HISTÓRIA É COM H. E DIZEM QUE TEM HISTÓRIA COM E.
MAS, AÍ, EU NÃO ACREDITO.  
Chapeuzinho
Vermelho com Estrela
Era uma vez, uma menina hiperativa que resolveu visitar sua avó que morava lá no Bairro Ivo Ferronato. A casa da menina, que todos conheciam por "Chapéu", ficava no lado oposto da cidade, perto do Militão. 
Um dia, alguém chegou a perguntar: 
- Por que todos te chamam de Chapéu?
Ao que a menina respondeu: 
- Porque estou sempre usando um chapéu. Este por exemplo, é um chapéu vermelho com estrelas. Mas, já usei um amarelo e azul com desenhos de tucano. Também já usei um... deixa eu ver... é... Bom, depende da ocasião. Se for conveniente pra mim, uso o chapéu adequado. Entendeu?
Alguns entendiam. Outros, não. Ou será que todos entendiam, mas faziam de conta que não entendiam para não perturbar a ordem estabelecida e a amizade com a menina? Afinal, sabe-se lá o que representa a democracia para ela quando é contrariada em suas ideias...?
Mas, voltando à história. 
Na verdade, quem decidiu que Chapéu deveria visitar a avó foram seus pais. Ultimamente vovó vivia do Centro do Idoso para os bailes da Cara Metade, o que estava fazendo muito bem para uma pessoa da sua idade. Mas, de uns dias para cá andou assinando ficha no PT. É que disseram para ela que estaria fazendo um bem para a humanidade. A pobrezinha acreditou. Mesmo sem entender que sua assinatura fosse tão importante para a Primeira Dama do Município. Município onde nasceu, viveu e haveria de morrer, apesar de filiada a um partido político. Houve quem contasse que parecia um arrastão de petistas em sua direção: Ou filia-te ou te devoro? Fazer o quê. 
Mas, voltando à história.
Chapéu saiu de casa para visitar a avó. Resolveu ir de bicicleta. O ônibus estava muito caro, apesar de ouvir dizer que quando os ônibus novos chegassem a passagem nem ia subir tanto.  Subiu. 
 De bicicleta, feliz da vida, começou a se entristecer quando notou que tinha passado por 32 casas antigas em destruição, casas que a tia Eliane disse que eram históricas com arquitetura dos anos 20, 30 e 40 do século passado.  Chapéu parou, tentou se acalmar e lembrou que devia ligar para o celular da avó. 
- Alô? Vó? Sou eu. Chapéu, ora. To indo aí. Agora. De bicicleta. Aonde? Tá. Eu vou. Lá no colégio Estadual, não é? Sei. Tá. Eu sei.
Chapéu desligou o telefone e voltou a pedalar. Parou na Praça Esporte. Olhou. Olhou... olhou... E ficou imaginando aonde é que gastaram tanto dinheiro ali, naquela praça... 
O pai já tinha explicado.
Ela não entendia. 
- Ah, eu também sou muito ignorante pra saber quanto custa cada tronco desses aí... mais a concha acústica, que não é acústica... mais o... balancinho... Não. O balancinho já tinha... Mais o ringue de patinação... Não. Já tinha. A tela... Não tem tela. Ah, já sei... os quiosques, os banheiros, as luminárias... 
Até que Chapéu resolver parar de pensar. Afinal, isso não é coisa pra criança. Depois não dorme de noite. 
A avó pediu que ela fosse até o Palacete Pedro Osório e pegasse uma fotografia de Bagé antiga que tem no saguão de entrada... 
Quase disse que não tinha nada. Não disse. 
Na frente do palacete, observou que estava tudo fechado. 
- Hoje deve ser algum feriado. 
Pensou Chapéu. 
Não era. Mas podia ser. Pra descansar um pouco, ela ficou olhando o bosque... Tem um bosque bonito ali. Fizeram uma reforma no bosque e gastaram um monte de dinheiro.
Aí, Chapeu ficou pensando onde gastaram tanto dinheiro no bosque se as árvores enormes já estavam plantadas e, fora as estradinhas pintadas entre as árvores... não vê onde gastar mais... 
A cabeça de Chapéu começou a doer e ela sabia que não ia conseguir dormir à noite... Quis parar de pensar... Não conseguia...
Ela nunca entendeu porque gostava de ficar pensando coisas. Um dia leu num livro que "as pessoas que não pensam são mais felizes". Será? Não se contentava com isso, mas já começava a achar que era verdade. E ela? Por que pensava tanto? Por que descobria erro nas coisas?
Mas, continuando a história.
Chapéu estava muito longe de seu destino. Nem descera a Presidente Vargas ainda. E depois tem quatro quilômetros de Santa Tecla... 
Então... quando ela foi subir de novo na bicicleta pra seguir seu caminho...
Apareceu o lobo... Ou melhor. Apareceu o... 
(CONTINUA SÁBADO, DIA 12) 


de Gladimir Aguzzi 
(como dizia a rainha: Esta história é baseada em mentiras reais)