O AVIÃO DOS 200 ANOS
CENÁRIO: Um avião de carreira. Corredor e poltronas de passageiros.CENA: Todos sentados, observa-se a presença de alguns ex-prefeitos e o prefeito de Bagé, além de outras autoridades da cidade. Estão todos voando para o segundo churrasco dos 200 anos em Brasília, inclusive Maunardi, Guaunauco, Lakil, Garvas, Antoño Pirex, Camomilo Moreira e Dududadá. Vice-prefeito, secretários, coordenadores e adjuntos do atual prefeito, todos estão no avião. Tanto que em determinado momento, Dududadá levanta para perguntar:
- E quem ficou tomando conta da Prefeitura?
Alguém grita:
- Ué? E precisa?
Dizem que era a voz de Maunardi, mas nada ficou provado.
De repente (não mais que de repente), a aeromoça aparece desesperada:
AEROMOÇA - Meu Deus, o comandante e o co-piloto desapareceram. Não tem ninguém na cabine de comando.
PÂNICO GERAL. TUMULTO. GRITOS HISTÉRICOS. ALGUÉM BATIA COM A CABEÇA NA JANELA E GRITAVA EM DESESPERO:
- Foi aquela licitação! Foi aquela licitação! Eu sabia. Deus castiga. Deus castiga.
Como ninguém se acalmava. Guaunaco resolve interferir:
GUAUNAUCO - Calma, minha gente querida, minha gente mimosa!
Todos pararam. Estupefatos. Já tinham ouvido aquelas coisas antes, não lembravam aonde. Alguns ao ouvir pensaram que já estavam mortos e a voz era do além. Não era.
Dududadá aproveitou o silêncio geral para falar:
DUDUDADÁ - Atenção, todos e todas!
Uma autoridade no fundo do avião questionou:
AUTORIDADE - Eu sou todos ou todas?
Dududadá queria saber se alguém pilotava. Ninguém lembrava disso. Garvas chegou a insinuar que no seu tempo era mais difícil governar, quer dizer, pilotar, mas que hoje em dia era só olhar "na internet".
Antoño Pirex pediu para procurarem o comandante, que era filho de um antigo brigadeiro amigo seu e que, inclusive, ajudara na sua nomeação a prefeito.
Camomilo Moreira contou uma história antiga de sua terra, quando um avião explodiu no aeroporto de Bagué, jogaram uma maleta com documento e um pote de ouro, mas só a maleta foi encontrada... Foi silenciado.
O avião perdia altura.
DUDUDADÁ - Bom dia a todos e todas, mas o avião está perdendo altura em profusão e...
PÂNICO GERAL.
A secretária Magda Ervas colocou incenso em todo o avião, para purificar o ar, já que estava caindo... Paulinho Bananera, em desespero, repetiu que havia uma cambada de sem vergonha na Câmara. O secretário dos 200 Anos não entendia o que estava fazendo naquele avião e começou a ver tudo marroni. Aliás, Grosélia Sanfons também não sabia o que estava fazendo ali e nem na Prefeitura. Enfim, era um desespero total.
Foi então que Dududadá decidiu que iria para a cabine de comando pilotar o avião. Maunardi intercedeu.
MAUNARDI - Não. Tu, não. Aceito todos aqui dentro, menos tu. Com o meu apoio nunca mais tu vais comandar coisa alguma. Prefiro o Guaunauco.
GUAUNAUCO - Mas que cosa linda! Maravilhosa! Eu vou, sim. O que eu não faço rindo por essa minha gente querida - aquilo que eles me pedem chorando.
DUDUDADÁ - Eu prefiro que o Garvinhas pilote o avião.
GARVINHAS - Eu vou. Claro que eu vou. E já to indo.
MAUNARDI - Garvas, a cabine é pro outro lado.
Um grito é ouvido do fundo do avião.
MAGDA ERVAS - Gente, eu tenho um plano de desenvolvimento para a gente se salvar desse avião... eu sei, tenho experiência, trabalhei com o Olívio...
DUDUDADÁ - Eu sabia que a solução viria com um dos meus ou das minhas.
MAGDA - Estão vendo como o avião está caindo rápido?
TODOS - Sim.
MAGDA - O plano de desenvolvimento é o seguinte, quando o avião tiver bem pertinho do chão a gente pula pela saída de emergência. Entenderam? Pertinho do chão, o impacto será minimo.
DUDUDADÁ - Olha que ideia maravilhosa!
TODOS OS OUTROS FICARAM EM SILÊNCIO.
MAUNARDI - Eu não acredito que tu gostou dessa ideia de girico?
DUDUDADÁ - Não é boa? Se não é boa, inventa uma melhor. Mas, vamos para uma prévia, na prévia eu te ganho. Te ganho sempre. Quantos candidatos tu apoiar, eu ganho. Ganho, ganho, ganho e ganho!
E bate com o pé no chão, dá duas piruetas, cansa e pega no sono. Aí, o fotógrafo capta a imagem dele dormindo, entrega para a assessoria de comunicação, que envia a todos os contatos.
Manchete no outro dia dos jornais: Dudu dorme tranqulo no avião.
Então, finalmente, o ex-prefeito Lakil tem uma ideia.
LAKIL - Olha, é o seguinte, longe de mim ofender alguém aqui. Eu sei que são todos capazes e competentes, pessoas dinâmicas e inteligentes, mas eu sou um expert de aviação, aprendi tudo lendo jornais sobre a Segunda Guerra, era menino ainda, mas a paixão permanece dentro da gente... Então, eu aprendi a pilotar sem problemas...
VAN CASA&TELHA - Graças a Deus! Obrigado, senhor...
EXPLOSÃO.
Fim.